Nos últimos dias, um debate intenso tomou conta das redes sociais e da grande mídia brasileira: a suposta taxação do Pix. O sistema do Governo Federal, em sintonia com setores da imprensa militante, classificou as postagens e análises sobre o tema como fake news. Contudo, a questão levanta uma dúvida incômoda: houve realmente a disseminação de desinformação ou estamos diante de uma estratégia de silenciamento para evitar discussões legítimas?
Até o momento, nenhuma peça concreta aponta que o Pix será taxado. O assunto ganhou repercussão a partir de um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que apresentou uma análise sobre possíveis desdobramentos de mudanças no sistema de fiscalização da Receita Federal. O parlamentar mineiro, ao contrário do que foi veiculado por diversos veículos de comunicação, não afirmou que o Pix seria taxado. Ele apontou, de forma especulativa, como alterações fiscais poderiam abrir precedentes para medidas semelhantes no futuro.
Nikolas Ferreira também contextualizou sua análise com promessas não cumpridas pelo atual governo, como a isenção de impostos para importações de até 50 dólares e a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Tais promessas, ventiladas durante a campanha presidencial, foram utilizadas como referência para a sua argumentação sobre possíveis contradições governamentais.
Apesar disso, a cobertura da grande mídia optou por desqualificar o deputado, alegando que ele teria espalhado fake news. Tal postura levanta uma questão fundamental: por que um tema de interesse público, como a possível interferência governamental em um sistema financeiro amplamente utilizado, foi reduzido a um embate retórico?
O Pix, que revolucionou as transações financeiras no Brasil, é um instrumento salutar para a população, especialmente para os mais pobres. Qualquer movimento para alterar sua gratuidade deveria ser tratado com honestidade e transparência, tanto pelo governo quanto pela imprensa. Contudo, ao invés de fomentar um debate genuíno sobre o tema, o que se observa é a construção de uma narrativa que visa deslegitimar vozes dissonantes e desviar a atenção da opinião pública.
O governo, com a anuência de parte significativa da imprensa, parece mais interessado em combater análises críticas do que em promover o diálogo sobre o futuro das políticas fiscais. A democracia exige debates francos, mas, para isso, é preciso que tanto governantes quanto jornalistas cumpram seus papéis com responsabilidade, sem manipular informações em prol de interesses próprios.
O que está em jogo aqui não é apenas a taxação do Pix, mas a qualidade da comunicação entre governo, mídia e sociedade.